segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Questão 69 (UFRGS/2012)


Resposta: D

Esta questão trata dos conhecimentos que o aluno possui sobre a evolução demográfica brasileira.

Sendo assim, a afirmação I é falsa, pois a população idosa não irá diminuir, ao contrário. Logo, a afirmação II é verdadeira. Por fim, a afirmação III está correta. Basta comparar os gráficos e veremos que de 1980 até 2050 a população com mais 80 anos teve que crescer mais vezes que aquela entre 50-54 anos.

Mas, para resolvermos esta questão devemos ter em mente que o Brasil é um país que está, de forma acelerada, concluindo a sua transição demográfica. Mas o que é transição demográfica? É um modelo que caracteriza por meio de 2 fases a evolução do crescimento populacional de um território (geralmente um país). Mas este modelo pode não abarcar todas as realidade existentes. Este modelo visa sobretudo dar conta de uma tipo de evolução demográfica daqueles países de experiência capitalista ocidental.

As populações ao redor do globo partem de um desenvolvimento ainda primitivo. A maior parte da população está organizada no campo e as condições materiais ainda são exíguas e isso se reflete em taxas de natalidade e de mortalidade elevadas. Resultado: um crescimento populacional baixo. A primeira fase da transição demográfica é aquela que altera onde existe uma elevação do crescimento populacional por conta de uma melhoria das condições de vida, fruto ou do processo de industrialização do país, que reduz as taxas de mortalidade. Aumenta o saneamento básico, são mais atuantes as políticas públicas de contenção e prevenção de doenças infectocontagiosas, etc. Mas as taxas de natalidade permanecem ainda elevadas. Os países centrais clássicos do capitalismo e aqueles países capitalistas de elevado desenvolvimento tiveram sua experiência nesta fase de forma lenta e com um contingente populacional menor. Já os países alguns semiperiféricos (com o Brasil, México e Argentina) e periféricos tiveram a sua transição iniciada na segunda metade do século XX, de forma acelerada e com um contingente populacional maior. Isso levou a alardes demográficos que rotularam esta fase de explosão demográfica. É justamente nesta fase que as teorias neomalthusianos (e a sua variante eco malthusiana) ganham força. Os neomalthusianos pregam o controle de natalidade como forma de diminuir o crescimento populacional dos países considerados subdesenvolvidos. Este elevado crescimento seria o responsável pela pobreza e gerados de instabilidades internacionais por conta de migração.

Aqui teremos uma população jovem muito numerosa por conta da elevada natalidade e uma população idosa ainda muito pequena por conta do ainda incipiente nível de desenvolvimento. Veja as pirâmides etárias do Brasil de 1950 e 1970. Eles mostram o Brasil na segunda fase da transição demográfica.




A segunda fase da transição passa ocorrer quando os países, na esteira de suas modernizações econômicas capitalistas, passam a tornarem-se predominantemente urbanos. Assim, o número de filhos que cada mulher em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos no Brasil) irá ter, isto é, a taxa de fecundidade, tenderá a cair. No campo existe uma necessidade mais braços para a lavoura familiar e o custo de vida é mais baixo. Na cidade não, para quase tudo precisa gastar: transporte, alimentos, roupas, diversão, etc. Nas cidades existe um maior acesso à informação e aos meios de prevenção de gravidez. Tudo isso faz com que as famílias façam um planejamento em relação aos filhos que podem ter. Além disso, as mulheres buscam maior independência: querem estudar e trabalhar. Assim passam a pensar em ter filhos cada vez mais tarde. Então, nesta fase agora quem irá cair são as taxas de natalidade. Este processo deslegitimou todo o discurso alarmista neomalthusiano.

O Brasil está concluindo (aceleradamente) a sua transição demográfica com taxas de fecundidade que chegam ao chamado nível de reposição: 2 filhos por mulher entre 15 e 49 anos. Com esta taxa a população tende a se estabilizar, pois se cada casal (2 pessoas) para a ter dois filhos (apenas 2 pessoas), eles estão apenas repondo a si mesmos.




Mas como nesta segunda fase o nível de vida geral passa a ser cada vez melhor, a expectativa de vida da população é cada vez maior. Assim, o contingente populacional de pessoas com mais de 60 anos (idosos) será cada vez maior. Isso gera preocupações do Estado com aposentadorias e atendimento médico a esta população.

Então veja a pirâmide demográfica do Brasil em 2000 quando está próximo de iniciar a finalização da segunda fase da transição demográfica. Uma base (população jovem) diminuindo percentualmente e uma população idosa elevando a sua participação. 





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