sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Questão 64 (Ufrgs/2012)



Resposta: B

Para resolver esta questão devermos ter em mente algumas coisas:

  • A vegetação possui ampla relação com os fatores climáticos bem como aqueles ligados à geologia e a geomorfologia de uma área. Por exemplo: climas quentes e úmidos favorecem biomas florestais como a floresta amazônica; solos ácidos como os existentes no nordeste do Rio Grande do Sul, mesmo estando em local úmido, não são bons para a formação de florestas fazendo com que predominem dos campos (Campos de Cima da Serra neste caso específico).
  • O que significam as palas floresta, ombrófila, densa, mista, paludosa e manguezal? Vamos ver isso agora na correção.


1 – Floresta Ombrófila Densa: nenhuma das descrições. Mas vamos entender um pouco mais:

1°) Floresta, o que é? São ambientes biológicos com predominância de formas de vida arbóreas. As árvores são uma forma de vida vegetal lenhosa com alturas superiores a 20 metros. Plantas lenhosas são aquelas que possuem um tecido de madeira (que muitas vezes vira a popular lenha) para sustentar os seus caules. Mas nas florestas não existem apenas árvores, existem outras espécies de vegetais.




Outros grupos de espécies de vegetais são os arbustivos e herbáceos, Veja o quadro comparativo e simplificado da Revista Brasil Escola:


2°) Floresta Ombrófila, o que é? É uma floresta adaptada aos ambientes que apresenta climas úmidos. Então ombrófila significa, em grego, "amigo da chuva". Antes se utilizava a expressão floresta pluvial, um termo de origem latina, que remete a precipitação na forma de chuva. Vejamos a correspondência das áreas de elevada precipitação no Brasil e os biomas brasileiros com florestas ombrófilas:



3°) Floresta Ombrófila Densa, o que é? É uma floresta ombrófila que apresenta uma elevada densidade de espécies vegetais por unidade de área sendo as espécies florestais aquelas mais importantes e visíveis.
Tal ambiente somente poderá existir em climas úmidos (com no máximo 60 dias secos em todo o ano) e de temperatura elevadas (médias anuais ao redor de 25°C ou mais). Sob estas condições é possível a formação de ambientes florestais de elevada biomassa e biodiversidade como de fato são as florestas amazônica e a de mata atlântica no Brasil. As árvores podem chegar à atingir 60 metros.




Estes ambientes florestais são caracterizados por seres latifólios perenifólios. O fato de ser latifólia significa que ela possui folhas grandes (do latim latus = grande, largo) para que a planta possa liberar as grandes quantidades de água que ela ingeriu de maneira mais eficaz e isso ela faz pela folha. Caso o clima fosse árido a tendência é que as folhas sejam transformadas em agulhas (acicufolias) para reduzir ao máximo a transpiração e, consequentemente, reter a água adquirida no curtíssimo período de chuvas. Já o fato de a folha latifólia ser perene significa que ela se mantém na árvore verdejante, sem cair, durante todo o ano, por vários anos. Se o contrário fosse, não seria perenifólia e sim decidual (também chamada de caduca ou caducifólia), onde durante os períodos secos as árvores, para reter a umidade adquirida, ao invés de manter as suas folhas (o que iria gerar perda de umidade por transpiração), livram-se delas. Logo, as suas folhas descem ao chão ou caem.

OBS: quando estudamos os principais biomas brasileiros, a mata atlântica é considerada um dos seus biomas, mas no seu sentido abrangente (latu sensu). Sendo assim, praticamente todas as espécies florestais ombrófilas (densas, mistas ou abertas) e outras formas vegetais não florestais que habitam a costa do Brasil, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, são incluídas no bioma mata atlântica. Mas, no sentido estrito do termo (strictu sensu), mata atlântica mesmo é somente a floresta ombrófila densa. Então, de acordo com Decreto Lei 750/93, o Domínio da Mata Atlântica, é definido como:

"O espaço que contém aspectos fitogeográficos e botânicos que tenham influência das condições climatológicas peculiares do mar (Joly/70) incluindo as áreas associadas delimitadas segundo o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE,1993) que inclui as Florestas Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas e campos de altitude associados, brejos interioranos e encraves florestais da Região Nordeste". (in: http://www.rbma.org.br/anuario/mata_02_dma.asp)



Se quem fornece as condições climáticas para a existência da mata atlântica é o mar, a grande fonte de umidade para este bioma e por onde corre a corrente marítima superficial quente do Brasil, logo sabemos que a mata atlântica só pode ter condições de existência quando os atuais continentes da América do Sul e África, no contexto de fragmentação do Pangea, iniciaram a separação.

2 – Floresta Ombrófila Mista: a segunda descrição.

4°) Floresta Ombrófila Mista, o que é? Trata-se de uma floresta onde, no Brasil, predomina a Araucária angustifólia, mais conhecida como pinheiro-do-paraná por ser endêmica da região sul do Brasil. É comum que seja chamada também de mata de pinhais. Faz parte do bioma mata atlântica latu sensu.
A araucária está classificada, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), como estando em Perigo Crítico de Extinção por conta de sua intensa devastação quando do início do processo de colonização ítalo-germânica no sul do Brasil e a posterior disseminação dos descentes destes colonos pela região.

O núcleo de existência desta espécie situa-se entre 500 e 1500 metros de altitude em solos férteis dos planaltos e chapadas da bacia do Paraná (ou planalto meridional), região geomorfológica dos derrames fissurais basálticos à cerca de 140 M.a. O próprio nome da capital do estado do Paraná, Curitiba, faz menção ás araucária já que a palavra  curi, em tupi, guarda o seu significado ligado à palavra árvore. Mas também existem refúgios desta espécie nas Serras do Mar e Mantiqueira.




Esta região é caracterizada climaticamente pela predominância do clima subtropical (classificação de Strahler) ou Cfb (classificação de Köppen) que apresente médias pluviométricas consideráveis e bem distribuídas por conta das constantes passagens de massas de ar tropicais e polares formando as frentes. Por este motivo o nome Floresta Pluvial de Araucária também é usual.

A araucária é acicufolia e perene (conceitos já citados no texto). Além disso, não suporta ficar excluída da luz direta do sol pelo sombreamento, ou seja, é heliófita (do grego hélio = sol); e, a julgar pela sua copa na forma de candelabro adquirida após a juventude que facilita a dispersão do pólen pelo vento quando da etapa de reprodução, é anemófila (do grego anemos = vento).

Outra coisa muito conhecida dos sulinos e que está presente em sua culinária é o pinhão, que biologicamente é a semente desta espécie de gimnoesperma (do grego Gymnos = nu; e sperma = semente), quer dizer, sementes são ficam encerradas em frutos.

Mas estas coníferas (assim chamadas por possuírem a forma de cone quando jovens) ao contrário daquelas existentes na Europa e no Canadá, não possuem uma ocorrência tão homogênea. Ao contrário: ocorrem muitas vezes em meio as vegetações de campos onde muitas vezes presente está a Ilex paraguarienses (árvore cuja folha origina a erva do nosso chimarrão). E mesmo dentro destas florestas, onde parece ocorrer apenas a espécie angustifólia (que são a maiores), por debaixo de suas copas outras espécies menores estão presentes.





E, para descontrair, uma musiquinha:



3 – Floresta Paludosa: primeira descrição.

5°) Floresta Paludosa, o que é? É uma floresta aberta de árvores mais baixas (em média 8-10 metros) e uma área inundada, de circulação lenta, com elevado contingente de matéria-orgânica. Também é camada de mata de breho





4 – Manguezal: terceira descrição.

6°) Manguezal, o que? Os manguezais são ecossistemas de elevada complexidade típicos de regiões tropicais que estão em áreas costeiras sob feições geográficas onde existe sob a mútua influência das águas continentais e das águas salgados do mar (desembocadura de rios, baías, enseadas). Por isso os vegetais dos mangues são considerados halófitos, isto é, adaptados a salinidade da água marinha que chega com as marés. Nestas áreas formam-se solos salgados, com muito lodo e nutrientes, porém pobre em oxigênio, mas que atrai peixes e o caranguejo.





Bibliografia:

SONEGO, Rubia Cristina; BACKES, Albano e SOUZA, Alexandre F. Descrição da estrutura de uma Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil, utilizando estimadores não-paramétricos de riqueza e rarefação de amostras. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abb/v21n4/a19v21n4.pdf.
http://www.rbma.org.br/default_02.asp


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