quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Questão 51 (UFRGS/2012)





Resposta: A

ATENÇÃO: se você achar necessário deixe uma pergunta, uma crítica ou uma sujestão nos comentários!

Esta questão mostra um mapa clássico que representa a situação geopolítica mundial pós-Guerra Fria também conhecida como nova ordem mundial.

A linha traçada objetiva uma nova divisão mundo. Ao invés das classificações Primeiro Mundo (que seria o grupo países antes considerados capitalistas industrializados), Segundo Mundo (que seria o grupos dos países ditos socialistas) e Terceiro Mundo (o grupo dos países antes considerados subdesenvolvidos); agora busca-se dar conta do mundo após a extinção da maior potência “socialista”, a URSS, e , para isso, dividiu-se o mundo entre um Norte e um Sul. Seria o Norte  (também chamado de Primeiro Mundo) um agrupamento de países ricos e desenvolvidos e o Sul (também chamado de Segundo Mundo) o grupo daqueles países onde são frequentes dos bolsões de pobreza e com menor ou ínfimos graus de industrialização. A classificação Segundo Mundo deixou de ser usual.

Crítica ao mapa:

1.    O grupo dos países que formam o Norte, principalmente com o início da etapa capitalista chamada globalização neoliberal (anos 70 até hoje), já evidenciam notáveis índices de problemas sociais: desemprego, indigência, fome, etc. Áreas suburbanas de grandes aglomerados urbanos nos Estados Unidos e Europa são um exemplo.

2.    O grupo dos países que formam o Sul também possuem territórios de elevado poder econômico plenamente integrados no mercado global e por onde circula grandes somas de riqueza. São Paulo, Beijim na China, Mumbai na Índia são exemplos notórios.

Crítica à questão:

1.    Esta questão está equivoca quando à melhor classificação em relação ao mapa por dois motivos:

A.  O países do Norte são, na questão, considerados industrializados. E os demais? China, Índia, Brasil, México, Argentina, Coreia do Sul, etc, possem parques industriais com maior ou menor grau de complexidade e que, em muitos casos, tem maior poder econômico e industrial que muitos países considerados de Primeiro Mundo.

B. A alternativa tida como correta pela banca usa dois tipos de conceitos como equivalentes: industrializados e Terceiro Mundo. Ou se lida com a questão da industrialização ou se lida com a questão do nível de desenvolvimento (Primeiro e Terceiro mundos). Seria o mesmo que classificar duas pessoas da seguinte forma: um é homem e o outro pobre. Não se pode, por exemplo, ser homem e pobre, ou mulher e rica ao mesmo tempo?

Crítica aos conceitos:

1.    Embora a questão não tenha utilizado os conceitos de desenvolvido ou subdesenvolvido para caracterizar os países, estes, não raro são igualados aos conceitos de Primeiro e Terceiro Mundo e de país rico e país pobre.

A. Primeiro: não podemos confundir riqueza com desenvolvimento. Os Estados Unidos, por exemplo, país mais rico do mundo que consegue deixar parcelas expressivas de sua população em situação de vulnerabilidade social e dezenas de milhões de pessoas sem acesso à saúde pública. E o Brasil? Entre 1990 e 2000 o nosso PIB aumentou bem mais do que a população havia aumentado e chegamos a situação de estarmos entre as 10 maiores economias de mundo. Mas e a sua população vai bem? Estão bem empregados, com boas escolas, se alimentam bem, possuem um bom sistema de saúde? Não.
Em síntese: PIB é riqueza, poder econômico. Estados Unidos são muito ricos, o Brasil é rico. Mas ambos podem ser considerados desenvolvidos? Nenhum: a concentração de riqueza em ambos (no Brasil é uma das maiores do mundo) impede que boa parte de suas populações sejam integrada de maneira digna naquilo que a riqueza econômica tem capacidade de lhes fornecer. Lógico que os problemas sociais nos Estados Unidos são menores, mas existentes.

B. A conceituação desenvolvido e subdesenvolvido, como bem coloca o professor doutor em geografia Milton Santos, é uma invenção, uma criação permeada de ideologia dominante. Busca ela estabelecer que existe aos demais países do globo (os subdesenvolvidos) um caminho para chegar ao suposto desenvolvimento. E este caminho tem como guia aqueles países que são hegemônicos.


C. Você deve ter notado que eu usei a expressão "países socialistas" (entre aspas) ou países ditos socialistas. Países como Cuba, Vietnã, China, antiga URSS, Coreia do Norte, entre outros, são comumente categorizados na mídia como países socialistas, quando não comunistas, o que caracteriza o uso vulgar de desses conceitos.
Inexistem países no mundo que sejam socialistas. Na teoria  marxiana (do cientista social, economista, filósofo e historiador Karl Marx) o socialismo seria uma etapa transitória ao comunismo que nada mais é do que uma sociedade sem classes sociais. Esta etapa seria conquistada de forma revolucionária, isto é, por meio de uma ação que revolvesse (revolução = ação que revolve), ou seja, uma ação que transformasse a organização social vigente modificando os agentes que produzem, os agentes dotados de poder político, de poder  econômico, etc. Esta revolução seria a última revolução entre tantas existentes na história, todas fruto da luta de classes. Esta última revolução teria como vetor a classe trabalhadora, já em estágio de proletariado (despossuída dos meios de produção) na condição de operários (opera-dores das máquinas nas indústrias).
Com a revolução proletária, os trabalhadores chegariam ao poder, dominando as estruturas do Estado, antes dominado pela burguesia, e instaurando a ditadura do proletariado. Nesta ditadura seriam paulatinamente eliminadas as estruturas que antes davam suporte à dominação de classes (principalmente a propriedade privada que alienava os trabalhadores do resultado de seu próprio trabalho) até o ponto em que não mais seria necessária a existência do Estado, pois não mais haveriam distinções sociais: todos produzem e todos se beneficiam do que é produzido. O comunismo.

Pois bem, em quais países tivemos os proletários como classe no poder atuando no sentido de estirpar as desigual-dades socais como deveria ser no socialismo? Ou então, em qual país vigora a inexistência de classes sociais como um fundamento do próprio país como deveria ser no comu-nismo?

O que existiram foram revoluções de caráter socializante que congelaram sob ditaduras comandadas pelos militantes mais altos dos partidos comunistas. Estes militantes, seus familiares e agregados possuiam as melhores casas, servi-ços básicos, funções, isto é, faziam as vezes da classe privilegiada como uma espécie de burguesia burocrática privilegiada.

Na própria união soviética utilizou-se métodos do fordismo (um invenção capitalista) nas fábricas e em outras a exploração era enorme.

A designação mais correta para estes países qualquer uma que leve em conta que foram Estados com práticas capita-listas dominados por burocracias partidárias. A diferença é que utilizavam-se do planejamento econômico (dai serem considerados economias planificadas) ao contrário de países capitalistas onde o mercado (dai estes serem considerados economias de mercado) é muito determinante na organização da economia. 
ALGUMA DÚVIDA? Pergunte no espaço dos comentários.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário